Aspectos do Paquete FUNCHAL atracado ao cais da Rocha, em Lisboa a 18 de Setembro último, a ser abastecido antes de largar para o Mediterrâneo para o cruzeiros ILHAS E VULCÕES.
Deixo-me ficar no Cais a ver o FUNCHAL acabar de carregar as paletes com águas, champagne, abastecimentos de todos os géneros para que no mar nada falte durante a viagem, esse cruzeiro de afortunados. 
E os rebocadores de cascos azuis e casarios creme, pairam impacientes para passarem os cabos e assistirem o Paquete na manobra de largada. 
Dou por mim a olhar o FUNCHAL com o mesmo sentido com que em 1972 e 1973 fui a este mesmo cais da Rocha ver largar o SANTA MARIA no que foram as últimas viagens, e depois, em 1976 e 1977 repeti o ritual nas últimas escalas do CRISTOFORO COLOMBO no Tejo. 
Fico ali na velha muralha do cais da Rocha a apreciar o FUNCHAL e
"Toma-me pouco a pouco o delírio das coisas marítimas,
Penetram-me fisicamente o cais e a sua atmosfera,
O marulho do Tejo galga-me por cima dos sentidos,
E começo a sonhar, começo a envolver-me do sonho das águas,
Começam a pegar bem as correias-de-transmissão na minh'alma (..)
E enquanto passam por mim ecos da Ode Marítima e vejo o Álvaro de Campos a deixar-se também encantar com o FUNCHAL que já foi vapor a turbinas mas continua a ser Paquete, acaba finalmente o carregamento. 
O navio vai largar. A prancha vai ser retirada e estivada à proa. Vai ter início a faina de largada dos cabos. O navio vai afastar-se do cais e largar rio abaixo proa feita ao mar...
Fotografias e texto principal de L. M. Correia. Poema ODE MARÍTIMA de Álvaro de Campos (Fernando Pessoa)
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